Não fomos dotados de uma boca apenas para nos alimentarmos. A ilusão que as nossas cordas vocais nos deram é que estragou os acordes que emitimos. Porque nos saem palavras, que transmitindo uma coisa, querem subentender justamente o seu contrário ou algo semelhante; tudo, menos o que realmente foi proferido. Já os olhos, espelhos, portais da Alma, embaciados, embaçados ou radiantes, iluminados, são sempre transmissores dos nossos estados de espírito, das nossas emoções, pensamentos e reacções. Neles absorvemos as cores e formas do mundano. E por eles mergulhamos na forma, penetramos nas essências e contemplamos as verdades escondidas à vistas dos cegos véus das formas. Os olhos não somente vêm, como têm a capacidade de trespassar as capas, desnudar os corpos e ler os corações das manifestações vivas ao nosso redor.
A boca emana som, mas os olhos são como cascatas que encobrem atrás de si entradas para uma gruta imensa, onde universos imensos, de um cosmo infinito permanecem disponíveis a ser descobertos pelos ousados. Somente os arrojados de espírito lá conseguirão chegar, adentrando véus ilusórios e calcorreando trilhos negros. Só os loucos, empossados de uma ingenuidade e insanidade puras serão capazes de usar a boca para seduzir e os seus olhos para iluminar todos os caminhos escuros até à alma de todos os Seres!
Vitorino OM Matos
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