terça-feira, 14 de junho de 2022

Como manter a mente focada?


 

Quando descobre que a mente chegou a esse tipo de estabilidade - não se envolvendo em abstrações sobre passado e futuro ou distraída por sons que escuta ou por sensações no corpo – sempre que a atenção repousa facilmente no momento presente, pode permitir que a respiração se torne parte do campo geral da sua experiência.

 

Mantendo a estabilidade

Na prática meditativa, quando há uma qualidade substancial de calma e foco, quando a mente está estável e pode descansar no momento presente, quando pode ficar com a respiração por longos períodos de tempo e atender à realidade presente sem deriva; quando a sua mente tiver chegado a esse tipo de estabilidade, então não há necessidade de prestar atenção especial à respiração ou a qualquer ponto específico.

A respiração é utilizada como uma âncora para ajudar a fixar a atenção no momento presente. A respiração funciona simplesmente como um marcador, um ponto de referência para o presente. Mas se a atenção repousa facilmente no presente, não será preciso fornecer tal âncora. Não necessita fixar a atenção na âncora porque já está estável, a atender ao momento presente. Quando descobre que a mente chegou a esse tipo de estabilidade - não se envolvendo em abstrações sobre passado e futuro ou distraída por sons que escuta ou por sensações no corpo – sempre que a atenção repousa facilmente no momento presente, pode permitir que a respiração se torne parte do campo geral da sua experiência.

Abrimos a consciência a toda experiência, reconhecendo os sons que escuta ao seu redor, as sensações no corpo, os pensamentos e as emoções que vêm e vão – ampliamos o ponto de atenção para abranger todo o momento presente, para incluir todos os aspetos da nossa experiência.

Então, o que quer que surja, seja um pensamento, um som, uma sensação, uma forma forma para manter a qualidade da clareza da mente é aplicar as reflexões na impermanência (anicca), na insatisfação (dukkha) e no "não Eu" (anattā). Se ouvirmos o som de um automóvel a passar, podemos manter a objectividade e a clareza reconhecendo que o som é apenas um som, é impermanente. Da mesma forma, com uma sensação no corpo – Agradável, neutra ou desagradável, apenas observamos que a sensação está em mudança. O mesmo com um pensamento, um humor ou uma memória.

A respiração funciona simplesmente como um marcador, um ponto de referência para o presente.

Usamos essas reflexões sobre anicca, dukkha, anattā para manter essa qualidade de não-emaranhamento. Somos capazes de simplesmente atender ao fluxo da experiência. Observamos o próprio processo da experiência, em vez de nos envolvermos com o conteúdo do que está a ser vivenciado.

 

Vítor Bertocchini Vítor Bertocchini - Psicólogo, PhD.

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