Quando descobre que a mente
chegou a esse tipo de estabilidade - não se envolvendo em abstrações sobre
passado e futuro ou distraída por sons que escuta ou por sensações no corpo –
sempre que a atenção repousa facilmente no momento presente, pode permitir que
a respiração se torne parte do campo geral da sua experiência.
Mantendo a estabilidade
Na prática meditativa, quando
há uma qualidade substancial de calma e foco, quando a mente está estável e
pode descansar no momento presente, quando pode ficar com a respiração por
longos períodos de tempo e atender à realidade presente sem deriva; quando a
sua mente tiver chegado a esse tipo de estabilidade, então não há necessidade
de prestar atenção especial à respiração ou a qualquer ponto específico.
A respiração é utilizada como
uma âncora para ajudar a fixar a atenção no momento presente. A respiração
funciona simplesmente como um marcador, um ponto de referência para o presente.
Mas se a atenção repousa facilmente no presente, não será preciso fornecer tal
âncora. Não necessita fixar a atenção na âncora porque já está estável, a
atender ao momento presente. Quando descobre que a mente chegou a esse tipo de
estabilidade - não se envolvendo em abstrações sobre passado e futuro ou
distraída por sons que escuta ou por sensações no corpo – sempre que a atenção
repousa facilmente no momento presente, pode permitir que a respiração se torne
parte do campo geral da sua experiência.
Abrimos a consciência a toda
experiência, reconhecendo os sons que escuta ao seu redor, as sensações no
corpo, os pensamentos e as emoções que vêm e vão – ampliamos o ponto de atenção
para abranger todo o momento presente, para incluir todos os aspetos da nossa
experiência.
Então, o que quer que surja,
seja um pensamento, um som, uma sensação, uma forma forma para manter a
qualidade da clareza da mente é aplicar as reflexões na impermanência (anicca),
na insatisfação (dukkha) e no "não Eu" (anattā). Se ouvirmos o som de
um automóvel a passar, podemos manter a objectividade e a clareza reconhecendo
que o som é apenas um som, é impermanente. Da mesma forma, com uma sensação no
corpo – Agradável, neutra ou desagradável, apenas observamos que a sensação
está em mudança. O mesmo com um pensamento, um humor ou uma memória.
A respiração funciona
simplesmente como um marcador, um ponto de referência para o presente.
Usamos essas reflexões sobre
anicca, dukkha, anattā para manter essa qualidade de não-emaranhamento. Somos
capazes de simplesmente atender ao fluxo da experiência. Observamos o próprio
processo da experiência, em vez de nos envolvermos com o conteúdo do que está a
ser vivenciado.
Vítor Bertocchini Vítor Bertocchini - Psicólogo, PhD.
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